domingo, 20 de junho de 2010

O Inverso do que deveria ser.


Era tarde de Domingo, as trombetas soavam pelas ruas, e pirofágicos estrondos completavam o cenário repleto de flâmulas coloridas por ouro e matas, a tremular aos quatro ventos.

Soldados de uma mesma guarnição divididos pelo ego, enfeitiçados pela cólera de Marte e a doce ilusão de Baco. O que se viu, não era tão belo como o esperado.
Se outrora guerreiros da alegria, doravante poderiam ser chamados: Bárbaros. Ingênuos civis em forçadas maratonas esquivas, escudos adultos envolviam crianças, e a patecidade se revelava. De que lado nós estamos? - Era a pergunta a pairar sob a vox populi.

No Palco do triunfo, sangue e covardia. Homens (não merecedores deste título) cegos por seu egocentrismo - Era o redescobrimento daquilo que já era óbvio, era verde, era amarelo, tornou-se negro. Negro modo como escolheram para "comemorar" mais uma vitória da seleção brasileira na avenida higenópolis.

(Allen Cristhian - 20 de Junho de 2010)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Cegueira Social

Naquela mesa, sempre solitário, sentava-se o velho pedreiro.
Naquela mesa, sempre presente, pedia cachaça e amendoim.
Naquela mesa, sempre cachaça, amendoim e seu João.
Naquela mesa, sempre solidão.

Pobre proletário, escolheu o bar errado para beber.
Pobre noite de João, cachaça, amendoim, solidão.

Cândido João, otimista em ser notado...
Cachaça e amendoim não! Aqui se bebe Whisky!
Não! Aqui não tem espaço pra João!
Triste Solidão...

Naquela chuva, que não caía sempre, caminhava o velho pedreiro.
Naquela chuva, sempre gelada, aquecido estava de cachaça.
Naquela chuva, desistia de tudo o seu João.
Naquela chuva, decidiu beijar a morte!

Pobre proletário, agora morto, escolheu o suicídio.
Pobre noite corriqueira, agora sem João.

Caído João, agora bem notado...
Cachaça, foi a cachaça todos diziam!
Cachaça não! Foi solidão.
Triste inversão.

(Allen Cristhian)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Poema Triste


Em verso e soneto
Em prantos, derreto

Em prosa e poesia
Pra sempre te amaria

Em Soneto e verso
Eras meu universo

Em poesia e prosa
paixão desastrosa


(Allen Cristhian - 8 de Junho de 2010)

terça-feira, 1 de junho de 2010

Gemini


Conheço-me como agora, cada canto obscuro do momento que vivo,
Não sei o que serei, ou quem serei, sei apenas o que sou...
Se agora vivo impressionista momento, sou Monet,
Dali a dez minutos, surreal me faço, tal Salvador.

Delicio-me na epopéia de Gilgamesh, e a Uruk me translado,
Se enjoo, Cervantes me carrega e Sancho Pança aguarda-me em Salamanca.
Faço-me cavaleiro libertador, ou bedel inquisitor,
Faço-me sol ou tempestade, suave brisa ou tufão.

Sou de gêmeos, sou nuances, borbulhas temperamentais...
Posso Dançar um Bolero de Ravel, ou preferir um tango de Gardel,
Sou vermelho quando penso, e neutro quando atoa,
Calado quando escrevo, eufórico quando não.

Já me conformei em saber que o ar não tem forma,
Já me conformei em saber que não tenho forma,
Já desisti de me conformar com aquilo que concluí,
Tentei segurar o ar por entre os dedos, foi em vão.

Conheci-me como antes, ao começo do poema,
Já não sei quem sou, tantas linhas se fizeram desde então.
COnheci-me como antes, estou a conhecer-me como agora,
e a esquecer-me de quem serei no futuro.

Enquanto escrevo, presente momento sou.

(Allen Cristhian - 24/08/09)