sábado, 18 de setembro de 2010

Presente momento


Agonia, morsa que sufoca o peito
Incondizente com o desejo dioturno
Grilhões que atam-me o caminhar
Sufoca-me, amarga-me como fel

Qual o nome daquela sombra seu moço?
Solidão, digo a minh´alma dolorida
Preto e Branco que se fez, que se faz
Ínspido sabor das manhas e das manhãs

Ah se ela, ela quem? - pudesse me abraçar
Ah se ela fosse mais do que pronome de desejo
Ah se ela, não fosse apenas abstrato sonhar
Ah se ela fosse dele e se o ele fosse eu

Morsa que sufoca o peito, agonia
Desejo dioturno, incondizente
Que me ata o caminhar, grilhões
Fel, amarga-me a boca, sufoca-me

Aquela sombra não tem nome, poderia...
Dolorida alma minha, contempla solidão
Colorido se desfez, monocromia que se faz
Manhãs, cheias de manhas, nínguem para mimar

Ah se existisse um quem, chamado ela
Pronome feminino, ela - ela quem?
Abstrato sonhar, o pesadelo real
Ah se ela fosse minha e dela meu "eu"

Certamente, aperto de morsa, seriam saudades
Saciados seriam desejos, planos e sonhos
Grilhões, apenas para atar dois corações
Mel, para adoçar beijos, suspiros e ninares


(Allen Cristhian Arruda - 30 de Maio de 2009) 

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Canto Visceral


Farto de caminhar solitário por entre a tundra de meu mundo gélido,
escrevo uma canção visceral, em gemidos táteis, nas cordas vocais da Olivetti.
A insanidade do sábio, é a única coisa que pode ser vista como similar a vida do tolo.
O tolo é o todo, o real insano que pensa ser são como poucos são de fato.

Perdoem-me canônicos seres em série, renegado sou em vosso meio e não anseio retornar.
O meu mundo se constrói acima de vossos crânios e vivem sob meus pés sem saber,
Resido suspenso nas alturas, crucificado no madeiro de vossa incapacidade.

O chicote lançado às minhas costas, é reflexo do que vossos bardos em brados lhe dizem.
Meus cantantes homens falam de amor, e as chibatadas em mim lançadas, retornam aromatizadas,
É hora de sentir olor dos sândalos que em mim habitam, cada um dá o que tem.

Não é cruz, não é cravo, nem chicote. Não é fogo não é ferro, tampouco gelo.
São as críticas dos gênios taciturnos que me incomodam de fato,
Esses não são tolos, não são todos. "Sui Generis", é o que são.
E é por isso que farto fico, da solidão que me atormenta, por "Sui Generis" ser.

(Allen Cristhian - Londrina-PR - 02 de Setembro de 2010)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Manual para derrotar divinos



    Quando valentes forem para desafiardes os deuses, meninos, não deixem fugir a memória vossas fraquezas, ao contrário, conheçam a grandiosa habilidade que levas em vós, a mesma que lhes fazem contorcionistas, diminuindo-os para que vos escondam atrás até mesmo de pequenos broquéis. Não é ao topo do mundo que hão de encontrar a vitória, longe disso, desta forma encontrarão apenas o Olimpo, e assim, lutarão na fortaleza adversária. 


    Dispam-se do que lhes parece mais adequado. Vossas couraças só lhe trazem utópica segurança. Não sabem que todos aqueles que ousaram enfrentar os divinos usavam semelhantes vestimentas? Vossos inimigos conhecem todos os pontos fracos de vossas proteções, são óbvias em demasia, pífias como a cigarra que anseia envelhecer cantando. 


    Vossos escudos são pesados fardos, não lhes permitem usufruir da destreza que possuem, ao contrário, engessam a bravura em vossos corpos. Suas falanges são vagarosas e franzinas, é inútil contar com as mesmas. Lembrem-se: Estar incluso, não significa blindar-se. 


    A bênção de um deus, não pode voltar-se contra o mesmo. Importante é recordar que vossas lanças nesta hora, não passam de armas comuns, são meros alfinetes perto da grandeza de um colosso. Prudente é lançarem mão de seus belicosos artefatos, e lutar em nudistas mantas de coragem. A diplomacia ainda é, e perpétua se faz, como a maior arma para derrotar um deus. O reconhecimento de vossas risíveis grandezas, lhes trazem compaixão de quem se agiganta mesmo ante as sombras daqueles que lhes afrontam. É nessa hora que a vergonha se converte em couraça de dragonetes, personalidade em escudos de bronze, e, a sede pelo conhecimento em fulminante cimitarra, capaz até mesmo de enfeitiçar em modo liliputiano, um deus.


(Allen Cristhian - Londrina - 01 de Setembro de 2010)