Ontem em meu âmago, ainda adormecia a sonhar com amaros amores que findaram.
Amasiado era, eu, com lembranças tortuosas, que arrancavam-me das entranhas dores,
Lanceando minh´alma desfalecida, e atando-me a grilhões espectrais e anestésicos.
Ontem, em meu âmago, eu, por lembranças tortuosas em demasia, desfaleci.
Em negros dias vivi, já quase morto, com o âmago contaminado por amaros amores.
Amasiado era, com o ínfimo desejo de seguir adiante, pois já não era eu quem seguia,
senão um espectro apenas, enfeitiçado pelos grilhões que me atavam, ínspidos grilhões.
E ao desbotar da cores dos caminhos, das flores, monocromático me fiz, em cinzas, me converti.
E ao despertar glorioso, que pôs-me a escrever após a primeira morte, daqui para doravante,
Como Fênix retornei, desperto pela dama ressurrectora, detentora do rubro véu, como a rosa escarlate,
E, em sua pele, que é como o marfim polido, refleti minha face, agora corada e coroada com um sorriso,
Vivo, agora verdadeiramente vivo, translado-me em desejos, para aquelas mãos frias e abraços quentes.
Não como antes, não como ontem, agora em meu hoje, adormeço em esplendoroso leito, na alcova dos poetas,
Ouvindo, o afrodisíaco canto de ninar, da dama de marfim que me embala nas pautas dos prazeres, em muitas claves,
Para muitos Sóis.
(Allen Cristhian - Londrina, 05 de Janeiro de 2011)