quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

ODE A DAMA DE MARFIM




Ontem em meu âmago, ainda adormecia a sonhar com amaros amores que findaram.

Amasiado era, eu, com lembranças tortuosas, que arrancavam-me das entranhas dores,

Lanceando minh´alma desfalecida, e atando-me a grilhões espectrais e anestésicos.

Ontem, em meu âmago, eu, por lembranças tortuosas em demasia, desfaleci.



Em negros dias vivi, já quase morto, com o âmago contaminado por amaros amores.

Amasiado era, com o ínfimo desejo de seguir adiante, pois já não era eu quem seguia,

senão um espectro apenas, enfeitiçado pelos grilhões que me atavam, ínspidos grilhões.

E ao desbotar da cores dos caminhos, das flores, monocromático me fiz, em cinzas, me converti.



E ao despertar glorioso, que pôs-me a escrever após a primeira morte, daqui para doravante,

Como Fênix retornei, desperto pela dama ressurrectora, detentora do rubro véu, como a rosa escarlate,

E, em sua pele, que é como o marfim polido, refleti minha face, agora corada e coroada com um sorriso,

Vivo, agora verdadeiramente vivo, translado-me em desejos, para aquelas mãos frias e abraços quentes.



Não como antes, não como ontem, agora em meu hoje, adormeço em esplendoroso leito, na alcova dos poetas,

Ouvindo, o afrodisíaco canto de ninar, da dama de marfim que me embala nas pautas dos prazeres, em muitas claves,

Para muitos Sóis.



(Allen Cristhian - Londrina, 05 de Janeiro de 2011)

domingo, 2 de janeiro de 2011

Hypnos



Em sinuosos dias encontram-se os amantes do amor perfeito,
que assim o é, por permanecer ainda que em tamanha imperfeição.
São dias incertos, entegues ao um leviano entardecer tempestivo,
Dias que alimentam suas sombras, com o cair de negras brumas.
 
E se nesses dias, perguntarem o que querem os poetas,
O que querem, lhe dirão que, mais simples é do que tudo que há.
Querem apenas liliputianas mulheres, colossais por sua natureza,
Mulheres valentes para o não, porém, amáveis para o sim.
 
Mulheres cosmopolitas, capazes de negar o tempo para viver em amor,
Em paixões ardentes, corações apaziguados, como poemas vivos de Neruda.
Hipnóticas mulheres, abstratas em sentimentos revelados por olhares telepáticos,
Espectadoras de monocromáticos tons, implodidas em coloridos prismas, como telas de Dali.
 
Se ainda assim, eles, os poetas, não encontrarem o que tanto e tanto almejam,
Partirão quem sabe quando lhes beijar a morte, para um sono profundo,
Contentando-se em sonhar em outra vida, com aquilo que sonharam nesta,
 
Mas nunca tiveram. 
 
(Allen Cristhian - 16 de Dezembro de 2010)