segunda-feira, 31 de maio de 2010

Que tipo de homem é você?


Saiu desesperado de casa, ainda dobrando as mangas da camisa, quase esquecera do maço de cigarros que estava em cima da penteadeira.
Esperava impaciente pelo elevador, e pensara em descer pelas escadas, e perdido em sua indecisão, ouve o tilintar da porta que se abria em sua frente.
Achava-se com tempo para escolher um cd de pancadão, esquecendo-se que já se passavam dez minutos da hora combinada em encontrar-se com Cecília.
Dirigia apressado, sem respeitar sinais fechados ou pedestres, atirou água com a roda direita dianteira em uma senhora que voltava da igreja, passou em frente a farmácia,
ao mercado, a um velório e a um hospital, sem se importar em abaixar o volume do cd player, Mc Serginho era mais importante que todos que estavam fora do veículo.

Cecília coitada, esperara por 25 minutos, sentada em trono de solidão junto a mesa do bar, fizera até mesmo amizade com um dos garçons, pois o mesmo a atendera educadamente.
Levantou-se, foi ao toalete, retocou a maquiagem, olhou-se mais uma vez no espelho, balançou com as mãos seu encaracolado cabelo, e ensaiou um: Olá tudo bem?
Assim era e menina-mulher, elegante, robusta, linda mas insegura. Não sabia o que era ouvir um elogio repentino, talvez um "ode" à sua beleza, ou até mesmo a cor do esmalte que escolhera.
Cecília era comprada, e seu coração jazia em solidão. Podia ter todo homem que quisesse, e relutava, não ousava perder sua essência diferencial, ao contrário, queria ser conquistada e não conquistar.
Tudo o que queria era despir-se das jóias, dos presentes caros que eram fabricados de tecido, desarrumar o penteado, e entregar-se a um homem somente, não de corpo, mas sim de alma.

Chegou o atrasado rapaz. Aliás, rapaz? Já era um adulto que beirava os 28, mas suas atitudes eram tão infantis, e seus gostos tão manipulados, que não se podia chama-lo: Homem.
Cecília fitou-o, levantou-se e esperando uma atitude nobre, decepcionou-se ao sentir seus quadris envoltos por braços alheios. Calou-se, mas pensou: Com qual autoridade ele chega assim?
Nem para puxar a cadeira serviu, sentou-se deixando-a a mercê de seu esforço, e logo bradou: Garçom, traz uma cerveja e o que ela quiser. Cerveja? Em um primeiro encontro?
A senhorita não entendia o que se passava naquela hora, esperava algo diferente, mas tinha exatamente o que sempre tivera, um homem bem sucedido, profissionalmente apenas.

(Allen Cristhian - Londrina - 28/01/10)

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. ótimo Allen! Sua percepção sobre as mulheres é algo bem intrigante . Eu particulamente gosto muito quando você escreve sobre tal rotina.

    E parabéns pelo blog!Sucesso!

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